PAPEL,PALAVRAS,POEIRA - A gajocosta
NA MANHÃ DE 10 DE MAIO DE 2014
Poema escrito em 1983
Às vezes faço poesia.
Às vezes faço uma prosa.
Por trás de agudas janelas
uma outra
desdenha as minhas figuras.
Às vezes o riso é torto
como as ruas da cidade.
Vasculha em passos de Fúria
os becos em que os moleques
da minha alma se escondem.
Tento, às vezes, desistências
- outras, busco um verbo novo.
Pudera! Os seres de vento
como eu
perseguem intervalos.
Manhãs inteiras, às vezes,
cabem na palma das mãos.
No côncavo da Lua Cheia
menestréis loucos ensaiam
cantigas de noites novas.
Às vezes, desmesurada,
ouso espaços de utopia
enquanto ao redor
o mundo
gasta suas multidões.
Poesia, prosa, se tanto
um se abastecer de enigmas.
Desisto. Há brincadeiras
que incendeiam nossas mãos:
papel palavras poeira.
Do livro POEMAS DE AZUL E PEDRA, Editora Mirante, 1984.
Abraço grande, amigo.
REPUBLICAÇÃO.