Ondas

Fogo que consome minhas entranhas

vira brasa e me queima por dentro,

como espada sai me rasgando,

como ferrugem corrói meu pensamento...

Já não me basto, sinto que estou me cavando

cada vez mais profundamente

até restarem apenas as vísceras!

Como podes ter colado em minhas retinas

a tua imagem desse jeito?

De olhos abertos, em todo canto te vejo

De olhos fechados, viraste minha rotina...

Teu cheiro se impregnou em minhas narinas,

teus olhos se prenderam aos meus,

e tua voz enroscou-se em meus ouvidos...

Não sei quando é dia nem quando anoiteceu!

Que vai ser de mim neste fogaréu,

se estou me consumindo dia a dia?

Perambulo entre inferno e céu

cavalgando impotente covardia!

Ah, o que vai ser de mim

se a cada dia que passa, mais me tomas?

Estás mais em mim do que eu mesma

Sou o mar....tu és as ondas...

E nem em pensamento farejas

que minha pele se incendeia

com a tua simples lembrança...

Sou desamparada criança

que chora, grita, esperneia

num silêncio tão profundo

que às vezes nem eu mesma me escuto!

Ane Rose
Enviado por Ane Rose em 10/05/2014
Código do texto: T4800895
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