Ondas
Fogo que consome minhas entranhas
vira brasa e me queima por dentro,
como espada sai me rasgando,
como ferrugem corrói meu pensamento...
Já não me basto, sinto que estou me cavando
cada vez mais profundamente
até restarem apenas as vísceras!
Como podes ter colado em minhas retinas
a tua imagem desse jeito?
De olhos abertos, em todo canto te vejo
De olhos fechados, viraste minha rotina...
Teu cheiro se impregnou em minhas narinas,
teus olhos se prenderam aos meus,
e tua voz enroscou-se em meus ouvidos...
Não sei quando é dia nem quando anoiteceu!
Que vai ser de mim neste fogaréu,
se estou me consumindo dia a dia?
Perambulo entre inferno e céu
cavalgando impotente covardia!
Ah, o que vai ser de mim
se a cada dia que passa, mais me tomas?
Estás mais em mim do que eu mesma
Sou o mar....tu és as ondas...
E nem em pensamento farejas
que minha pele se incendeia
com a tua simples lembrança...
Sou desamparada criança
que chora, grita, esperneia
num silêncio tão profundo
que às vezes nem eu mesma me escuto!