MODORRA

(Tony R. M. Rodrigues – 09/05/2014)

Eu apaguei as luzes,

só o monitor é meu abajour,

como um portal, um limite

entre o que há e o que não há.

Suspiro, pois desejava um telefonema,

mas há que se recriminar a carência

nos tempos da frivolidade

(Não é mesmo, caro leitor?)

Fecho os olhos tateando inspiração

mas novos suspiros só aumentam

o número de linhas.

Quero me fechar por completo,

em silêncio,

no calor aconchegante

de uma zona de conforto,

mas há tempos que meu sono

é mais leve e menos sadio.

Como um cão correndo

atrás do próprio rabo

eu me desabo em desabafos

e eu não queria nada disso,

nada menos que algo

sólido

para me amparar com alegria.

Modorra,

palavra cinzenta que manchou

a minha alma

de barro.