MATERNAL

A noite agoniada,

Quantas vezes às mãos ao filho...

Mulher de saia rendada,

Anda pra lá e pra cá,

No meio do nada.

Ora carrega-o no peito,

Ora deita-o no leito,

Para sossegá-lo um pouco da enfermidade ácida.

Com o mal não identificado,

O pequenino conhece a dor,

Que vem desenhado em quietos gemidos.

Já na madrugada,

Com os olhos secos e as forças fustigadas,

Com o colo adormecido,

Começa a cantar.

Pra lá e pra cá,

Valsando, balança,

Dosa o peito

Na boca do anjo,

Para o infortúnio aliviar.

Fora da ordem do tempo,

Cochilando no momento,

Sem fome, nem sede,

Observa terna a sua criança,

Que num abrir e fechar de olhos,

Aprende depressa a sorrir na esperança,

De conhecer o amor ímpar.