NOITE PROFUNDA
A aparição da aranha em madeira
centenária acendeu em Miriam a luz da vigília
Testemunha outiva da noite profunda
estalos evocando secos espíritos
mosquear manso da baia no galpão
gorgolejar esparso das curucacas em ninhos de copas
música do arroio em notas de pedra e águas
súbitos passos riscam a sala
e desaparecem nos portais
da cozinha
Quem subverte hábitos noturnos
em obscuras flaneries?
O fantasma notívago de João Palma
a passear brejeiro na noite
quase calada
Ou algum vivente que cruza
os olhares dos Palmas ancestrais
e palmilha a madrugada em metabólicas incursões?