NOITE PROFUNDA

A aparição da aranha em madeira

centenária acendeu em Miriam a luz da vigília

Testemunha outiva da noite profunda

estalos evocando secos espíritos

mosquear manso da baia no galpão

gorgolejar esparso das curucacas em ninhos de copas

música do arroio em notas de pedra e águas

súbitos passos riscam a sala

e desaparecem nos portais

da cozinha

Quem subverte hábitos noturnos

em obscuras flaneries?

O fantasma notívago de João Palma

a passear brejeiro na noite

quase calada

Ou algum vivente que cruza

os olhares dos Palmas ancestrais

e palmilha a madrugada em metabólicas incursões?

luiz cezare vieira
Enviado por luiz cezare vieira em 07/05/2014
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