Gente que morre
Eu vejo gente morta...
nos meus sonhos
mais desejantes
Como o mais sublime
como o mais legítimo
do meu querer
Com minhas próprias mãos
Com meus próprios dons
Meu investimento
O resultado do meu tempo
Algo assim tão lindo
de se fazer
Eu vejo gente quase-morta
agonizando
sem saber porque
Sem saber que merece
todo o sofrimento
só por nascer
Porque morrer é assim aos poucos
Tão natural...
Pra que relutar?
Morrer pra sempre as esperanças
porque pobre é assim
porque tolo é assim
porque bom é assim
Porque quem vive é quem pisa no saco do próximo
Quem vibra é o carrasco, que sem ódio
Só por profissão
com o seu querer
Com seus próprios dons
Com suas próprias mãos
Instiga e termina
todo o sofrer