A flor que cativa.
Não sou o Pequeno Príncipe e sonho.
Sonhar que o longe nunca existe,
Isto se aprende com o pensamento
Na sua mais linda força do querer.
Cativa-se a rosa, mas também pessoas,
Que ao longo da vida nos cativam,
É uma corrente com elos de carinhos,
Não se prende, solidifica-se no tempo.
A flor que rego com cumplicidade,
Esta sim, gentilmente me faz feliz.
Seus espinhos não me ferem, há amor.
Nasce nova flor, faz festa no coração.
Pela vida somos criadores de jardins,
Planto as sementes da fraternidade,
Brotam as flores raras da amizade,
Que nos perfumam os dias nebulosos.
Quando a seca vem o jardim rondar,
Há flores murchas espalhadas no chão,
Há um vazio por esta transformação,
Que prepara a vida para nova estação.
Há poesia na flor, que ora murcha,
Vem como melancolia de expatriado,
Sentimento de perda, vazio e solidão,
Outono por trás da cortina cinza.
Deixa-se supurar aquela angustia,
Umedeça o chão com suas lágrimas,
Feche os olhos e faça a bela viagem,
Nos campos de girassóis de Van Gogh.
Por fim, ao se sair do transe dourado,
Sinta-se o cheiro da terra em gestação,
Tempo que o Sol vem beijar a manhã,
Vê flores. Faz-se o milagre da brotação.
Toninho.