Desalinho

Quando você se foi,

Fiquei entre lágrimas e muito medo.

Ainda hoje lhe procuro no escuro, sem segredo.

Tentei me matar de amor,

Mas acabei me ferindo de morte.

A agonia foi tanta que me pareceu manha a minha dor.

E como se não bastasse, minha boca ria,

Enquanto a dor comia, o que eu mais queria.

Foi um sofrer demente.

(Cheguei a sentir que estava contente),

Quando um dia, por descuido, me chamou de amor.

Ainda hoje lhe caço na cama.

Enlouquecido fiquei frente a frente com o amor e o desamor.

Agora tento consumir ar, ar puro.

Mas já não respiro com tanta facilidade,

Já nem sei o que fazer na minha idade,

Com as marcas que deixou ferradas, vivas,

Em meu peito com tanta criatividade.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 08/05/2007
Código do texto: T479283
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