Desalinho
Quando você se foi,
Fiquei entre lágrimas e muito medo.
Ainda hoje lhe procuro no escuro, sem segredo.
Tentei me matar de amor,
Mas acabei me ferindo de morte.
A agonia foi tanta que me pareceu manha a minha dor.
E como se não bastasse, minha boca ria,
Enquanto a dor comia, o que eu mais queria.
Foi um sofrer demente.
(Cheguei a sentir que estava contente),
Quando um dia, por descuido, me chamou de amor.
Ainda hoje lhe caço na cama.
Enlouquecido fiquei frente a frente com o amor e o desamor.
Agora tento consumir ar, ar puro.
Mas já não respiro com tanta facilidade,
Já nem sei o que fazer na minha idade,
Com as marcas que deixou ferradas, vivas,
Em meu peito com tanta criatividade.