Contrariarei
Vou contrário à corrente,
contrário à esta gente
que sempre quer mudar,
Vou contrário à busca
pela utopia e pela
sociedade perfeita e vazia,
Vou contrário sem medo
de ser oprimido
e de ficar deprimido,
Vou contrário às críticas
de toda a sociedade
que exige ao céu,
Vou contrário à satisfação
a ambição e ao posto
mais elevado,
Vou contrário à humanidade,
e esta minha vaidade
sei que me renderá
a solidão.
A primitiva solidão, antes de Adão,
a daquela época ígnea,
onde os desertos rochosos
contrapunham o universo brilhante
nos primórdios da entropia.
Se eu fosse um grego clássico,
sobre qual filosofia andaria?
Será que sentar-me-ia com Platão
em um promontório ateniense
observando a cosmopolita e os cosmos
e pensando como seria o futuro.
Se esta poesia fosse rítmica,
como as do mestres clássicos
Diria que a lira do monte parnaso,
por um acaso tolo aqui fez ninho,
e que não se faz tijolo por
tijolo um singelo poeminha,
faz da mão de um bobo que
por alguma razão cansou de
filosofar sobre a vida.