Tragédia

Em meu primeiro choro

A morte já me espera

Para levar de volta

Ao pó minha matéria

Pra transformar

Minha existência

Em inexistência

E reduzir meu ser

A simples bactéria.

O mal percorre o mundo

Enquanto a terra dorme

Está em mil lugares

E em lugar algum

Vem disfarçado

E parece todos os homens

Sem o disfarce

Não parece homem nenhum...

A escuridão impera

E eu vou cortando a noite

De medo eu paraliso

A cada nova esquina...

Mais um menino morto

Mais um pai, quem sabe,

Mais uma mãe que morre

Ali, outra menina...

Meus dias já contados

A história foi escrita

No grande livro

Que pertence ao Criador

Não sei ao certo

Se será rápida ou lenta

Se será instantânea

Ou gritarei de dor...

De um beco escuro

De um lugar sem nome

Surge em minha frente

Meu cruel algoz

Tentei correr

E as pernas não obedeceram

Tentei lutar

Mas os músculos enrijeceram

Tentei gritar

Mas já não tinha voz...

Seis horas da manhã

Meu corpo empoeirado

No asfalto frio

Continua repousado

Minha alma vaga

Sem saber pra onde ir...

Sou só mais um

Fui só mais um

E a vida segue

Minha família

O rastro do algoz persegue

Mas a justiça

E cega, surda, muda e fraca

Um dia a vida

Preencheu-me por completo

E a mesma vida

Ainda não sei por que, ao certo,

Fugiu de mim

Na lâmina de uma faca...

Weverthon Siqueira
Enviado por Weverthon Siqueira em 02/05/2014
Código do texto: T4790953
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