FERÓCIA DO SILÊNCIO
Visto-me desta negridão noturna,
desta solidão soturna,
para encarar a saudade que teima
em me envolver.
Para afagar esta dor repassada de doçura.
Para enfrentar com ferócia as horas
desta madrugada fria que escorre
indiferente.
Para sufocar o grito que deseja
estraçalhar minha garganta.
Para não perceber o silêncio que incomoda.
Para não olhar a lua branca
que desenha absorta em minha tristeza.
Para encontrar, de alguma forma,
a força de que preciso
para aceitar tua ausência.