Mundo cão! Imundo!

Na rua,

perdida você está.

Espio de longe,

seu vulto obscuro,

espreita..

Grandes olhos,

esbugalhados,

fora da órbita,

Fome?

Mãos crispadas,

dedos em riste apontam

Não sabe pra onde

não sabe o quê!

Simplesmente não vê.

Chamam-na

a louca da rua!

Ali ela mora.

Feito cão sem dono,

enfiada nos jornais,

adormece.

O ronco dos carros

misturam-se ao ronco da barriga,

Fome?

Viro-me

e sigo meu caminho.

Mais uma vez

lágrimas descem

sorrateiras.

Mundo de cão!

Imundo!

Carmem Lucia
Enviado por Carmem Lucia em 08/05/2007
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