CANTO 105
Amador Filho.
Que fardo pesado e cansativo de ser transportado, é a SOLIDÃO!
Por certo a mais desumana condição humana.
Não resta mais ninguém comigo!
Estou desgraçadamente sozinho...
O desanimo abate-se sobre mim...
A desesperança invade todo meu ser...
Foge-me a capacidade de raciocinar...
A vida me parece meramente vegetativa...
As horas passam numa litania enervante, provocando-me uma lipemania incontrolável...
Somente o silêncio me faz companhia...
Não escuto nada, absolutamente nada...
Nem o rolar destas lágrimas salgadas que incontrolavelmente deslizam em profusão, pelas comportas do meu olhar perdido na imensidão deste vazio, e humedecem-me o rosto crestado pelas cruéis saudades.
Asfixiado pela pressão das lembranças, terrível angustia instala-se no meu coração, que se arrasta ansioso em direção dos seres amados, ausentes na negritude desta hora...
Ó tu, recordação querida, alento amigo, que derramas o bálsamo vivificante da tua presença benfazeja neste ser que sofre, alivia a minha dor, afugenta esta nostalgia que teima em fazer-me companhia, noite e dia, sem dar-me descanso nem trégua!
Santa Luz, 13 de janeiro de 2000.
Inicio de uma série de escritos diários.