QUERERES

São muitos tons

entremeando por nós as poesias

objetos identificados

até pela voz macia

metade de mim é o que digo

a sua outra metade é que cala

Você está no que é posto

congênito no osso

uma formação de coral

junto ao meu pescoço

Sei que minhas letras suspensas

surpresas

já te fizeram sorrir

em arabesco intensa

Sei que você sabe das entrelinhas

penduradas nos lustres

das aspas que abrem e fecham

abanando asas

guardando o meu e o seu

nas auroras

O quereres é assim

com ou sem bruta flor

com ou sem amor

seja lá como for

Caminho sem volta

lucidez exata

agora mais clara

a trajetória no meu peito

se alarga

Estou de frente

com ou sem poente

assim meu pensamento

capta, escapa

por escrito

enfim traceja

verseja

pra que você saiba a verdade

sem ser sucinto

Helena Istiraneopulos
Enviado por Helena Istiraneopulos em 07/05/2007
Código do texto: T478652
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