QUERERES
São muitos tons
entremeando por nós as poesias
objetos identificados
até pela voz macia
metade de mim é o que digo
a sua outra metade é que cala
Você está no que é posto
congênito no osso
uma formação de coral
junto ao meu pescoço
Sei que minhas letras suspensas
surpresas
já te fizeram sorrir
em arabesco intensa
Sei que você sabe das entrelinhas
penduradas nos lustres
das aspas que abrem e fecham
abanando asas
guardando o meu e o seu
nas auroras
O quereres é assim
com ou sem bruta flor
com ou sem amor
seja lá como for
Caminho sem volta
lucidez exata
agora mais clara
a trajetória no meu peito
se alarga
Estou de frente
com ou sem poente
assim meu pensamento
capta, escapa
por escrito
enfim traceja
verseja
pra que você saiba a verdade
sem ser sucinto