N'um mundo só dela,
deitou-se em céu constelado
aquecida apenas por um manto de letras...
Sentia os versos saltarem às pétalas
como nunca antes,
e cada pronome a se recolher infante
no ninho morno das pupilas
Respirou algumas tristuras,
outras, desaguaram salubres
sobre a fronha dos anseios;
suspirou alguns desejos, arrepiou outros devaneios,
que subiram-lhe à árvore do corpo
sem que os pudesse declamar
e o véu da noite se fez dia
enquanto ela dormia acordada
em profunda poesia,
como se perdida n'um paraíso de sonhos...
antes de despontar
ainda balbuciou alguns crepúsculos
sob os acordes d'um sacro piano de cauda...
espreguiçou palavras... bocejou fonemas
com os olhos sibilando asas,
aquela menina-mulher, acordou poema.
Denise Matos