O rosto
O rosto
vi na companhia
durante o tempo que não
desejava conhecê-la.
Convívio de interesses parecidos,
e rotina.
Desentediou-se.
Vejo olhos verdes em minha direção,
quando, distraído,
vejo os olhos verdes.
Sinto seu braço encostado no meu,
tão perto,
no balcão indireto.
É o sinal,
a oportunidade,
o sentimento que nunca senti,
por isso se torna tão forte,
puro,
inatingível.
É realmente o que esperava?
Por que mentir para si mesmo
é sempre a pior mentira?
Ria de mim.
Faça-me sentir um idiota.
Afaste-se,
de que importa?
Se amanhã será hoje,
quando vi, senti estas coisas.
Porém, se hoje for amanhã,
já previsto, tento fugir.
Não do verde
harmonizando com o azul do céu,
não da delicada pétala de flor
que pousou sobre minha mão,
mas sim do sentimento
que me vem
quando imagino que seja contra.
Na verdade, não.
Flor que luta
para sobreviver sem oxigênio
dentro de mim.
Será que a mereço?
Não quero tropeçar
na mesma pedra do caminho
que me fez tornar poeta.
Coincidências não existem.
Já mereço,
e cultivo diariamente.
Ilumina-me com o sorriso,
que desde já
é a delicada situação.
E contigo convivo.
25/12/2010