ELEGIA DOS ANÔNIMOS

Ao pé de vós, eu deposito a minha prece
não posso amá-los como quem ama os vivos
e por isso vos peço perdão.

Mas sei que muitos de vós
vivestes coisas semelhantes ao que vejo
respirando o ar que eu respiro
amando e sendo amado
com mulheres, proles, sonhos, desejos
e imprimindo a vós mesmos no bronze da esperança.

E agora, o que vos resta?
A instável memória dos vivos
nenhuma supremacia, nenhuma dor, nenhum gemido
só o silêncio sobre a extinta algaravia
e este poema, tão anônimo como estais agora.

Da série sobre desenhos de Álvaro Siza no livro "Esquissos do Douro" - Encostas e cemitério do Castedo (p. 21)
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 26/04/2014
Reeditado em 27/04/2014
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