Propositadamente Garatuja
Ah, quem dera eu agora
Por força maior, caso fortuito
Ou até serendipidade fora
Sim, mesmo sem ter o intuito
Poder-te fazer em mora.
Tivera eu a sagacidade lícita
Da ficção mesma embora
E ainda que fora implícita
Sem da legalidade sair fora
Provar por que és tão solícita.
“In dubio, pro reo” – diz o direito, em verdade.
É o benefício da dúvida? Yes, the benefit of doubt
Latim, inglês, ou vernáculo, e a serendipidade?
E a dúvida do benefício? Por mais que se não ressalte?
E a fase da pronúncia? Na dúvida, pró sociedade.
A árvore maligna, envenenada
(The fruit of the poisonous tree)
Ilegal, que seja ilícita é prova nada!
Oh, não! É da árvore o fruto venenoso?
Em tua defesa tão eloquente, mas impura,
Dirias a prova ilícita e o processo indecoroso,
Em simulacro de inocência e só paúra.
Ó ser desprezível, por que não te calas?
Vê, chegaste às raias da demência
Pensas mesmo ter proveito o que falas?
Ser malfazejo, devoto obtuso da indecência.
Ah, não me preocupo! Segue teus intentos
A culpa condena e o passado te esconjura
Nem sentes que teus vis procedimentos
Vão cavar-te, em cova rasa, a sepultura.
O teu tempo seja breve
E a terra não te seja leve!