A PONTE DA VIGÍLIA
Todos dormiram
na esquina da rua
neblina
se assustam corvos
que direito tenho
se mortos
também podem ter
motivos!
entrega-me
tal rosa
aquele frondosa
que pode abrir
embrulhe por um laço
fino compasso
entre o caule
sem espinhos
deve ser o caminho
inverso
do verso escrito
sobre estas pedras
que falam de espíritos
que pode até
pelo convívio
me dizer mais
do que os vivos
fantasma inerte
madrugada fria
vianda esquenta
parecem servos
de um local sagrado
mal agouros
mal amados
encostados
no parapeito
olham p'ra baixo
é bem cedo que se faz
uma homilia
entre tantos que estão
ali por que
é tal e tal dia
nunca sem querer.