ABRAÃO E AS PALAVRAS

Desenha com o dedo círculos concêntricos na areia

Melancolia de barro impuro. Secas montanhas de Morija

espreitam com olhos Eternos, um deus o Deus o aguarda.

Nômade de Ur habituado à palavra boiando o Eufrates,

Escorrendo avencas em gotas de orvalho, palavra gato

e galo a vermelha cor dos carneiros, a palavra maçã,

verbo amadurecido no Jardim, a doce Sara

palavras fracas para o mundo inominável de Javé

(...

“Mais adiante no Livro viverei em igualdade com meus filhos...”

Dissera Ele - remorso de cidades explodidas e justos,

criação afogada e o perfume depois.

(...

“Em que parte do barro infiltrou o pecado?” Pensara Abraão

do cerne da teodicéia que desce o primeiro curso dos rios,

acende a primeira aurora e escurece a primeira noite.

Ungido na escritura, não será mais que a pequena palavra

E será tudo.

luiz cezare vieira
Enviado por luiz cezare vieira em 25/04/2014
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