BENEDICTUS
Última esta benção de mãos
Incertas e fracos gestos de fé
A santidade pesa em meus
Ombros, irmãos, mais que as
Vestes arcam meu corpo
Adeus cristãos de Gandolfo
O Papa se demite, idoso
Peregrino se redime
Deixo a tormenta dos dias
Acolho a quieta paz da clausura
Abdico canônicos papéis e mergulho
Na intimidade acumulada dos velhos
Renuncio coloridas pompas e abraço
O filho do humilde carpinteiro de Nazaré
Nestes dias de anacoreta
Tocarei as cifras de Mozart
O jovem que roçou Deus
Verei a lua sem mediação da fé
Aprenderei com meus gatos
Viver cada dia inteiro
Até o mistério se revelar no pequeno
Quarto do mosteiro em um segundo
Ou Deus segura minha mão ou cairei
Em sono sem sonhos, eterno, profundo.