Amor perfeito
Quando jovem ele queria ser bonito, bom de prosa e sedutor.
Ambição descabida ou anseio comum?
Pensava também em dinheiro, é claro!
Talvez por ver nele a solução para corrigir o que o destino lhe havia negado.
Por anos a insatisfação com seus traços faciais desgastou sua juventude.
Reduzindo a autoestima, emudecendo-o.
Quanto menos atraente ele se achava mais sumia sua voz.
Qualquer assunto se perdia.
Racionalmente sentia-se em desvantagem.
Feio e calado; não havia como impressionar o mundo.
Mas a juventude é bela simplesmente por ser juventude.
Somente mais tarde toma-se disso, consciência.
Felizmente a aflição de não ser um Dom Juan perdeu-se no tempo.
Foi esmagada pela descoberta do amor perfeito, sem cara.
Profundo, sensual, tudo o que deve ser.
E as tolices da “juventude bela” partiram livres para azucrinar outras cabeças.
Hoje não mais inveja os rivais do passado.
Suspeita até que tenham se perdido em meio a tantas conquistas.
Seu caminho sempre esteve livre.
Mais cedo ou mais tarde ele a encontraria.
E a encontrou.