A VOLÚPIA

Quando precisei de você e do teu amor você não estava comigo .Senti tanto medo, passei tanto frio.Minha alma tremia ,meu corpo doía e meu coração sangrava .Como sofri,como chorei ! Tudo que queria era a tua companhia ,mas você não estava lá .Você sorriu ,você sumiu e me deixou .Ah ,eu enlouqueci ,eu me perverti até não poder mais ...me perverti para te esquecer ,me perverti para poder viver....

E eu andei ,andei com más companhias e me deitei com cada homem que via ...andei por ruas escuras e vazias...em cada corpo que dormia era você que eu via.E eu caía,caía e mais descia.Quanto mais eu descia ,mais eu caçava corpos para me aquecer na noite tão fria .E assim eu fui,fui,fui fundo em tudo .Os corpos que eu usava eram corpos de passagem ,corpos fugazes ,corpos mergulhados nas voragens do pecado e da volúpia .Tantas noites de luxúria e eu tão perdida ,procurando você .

A dor que me fustigava a alma era faminta , feroz ,atroz e como uma felina eu arranhava , uivava ,miava , mordia ,caçava , devorava e gozava o gozo dos desgraçados .Uma predadora implacável a esconder um amor avassalador ,passional e fatal .

Eu carregava muito ódio e rancor no gélido coração meu ,ódio que só extravazava dando muito prazer para depois espalhar a dor e o fel do desamor .E assim fui caçando ,fui me enganando e sugando o inocente doce sangue dos meninos incautos que eu achava pelas ruas .Eu os enlouquecia ,eu denegria ,eu sugava suas energias.Fazia seus corpos vibrarem numa insana sinfonia ,e eles adentravam no meu corpo que foi tão teu.E quanto mais eu gemia ,mais eu queria aquela orgia.E os garotos enloqueciam ,uivavam de louco prazer ,de gozo feroz , num avassalador torpor .Frenéticos prazeres , noites insanas ,tão passionais ,tão intensas na volúpia e rasas nas emoções...prazer por prazer.

Noites que arranhavam ,noites de embalos desenfredos , prazeres doídos e muito sarro .Era a noite dos dessesperados ,dos esfomeados .Noites de um coração alucinado que doava seu corpo em troca de um sonho não concretizado .

E assim a tua fina flor do amor ,agora mergulhada na dor e no vazio que você lançou ,esqueceu o que é o amor , hoje só sabe dar prazer e colher muita dor. Eu sempre a esperar a noite chegar para caçar minhas presas indefesas que caem em minha teia .Eu tão perdida ,tão machucada ,tão feroz ando a tua procura ,a procura de você que um dia me deu o céu e me tirou a vida .Como você não vem ,eu vou seguindo atrás de corpos que como eu , estão a procura de um outro corpo faminto ,para na solidão e escuridão da noite afogar sua dor num gozo feroz de uma volúpia cruel .

CARLA SHALIMAR NEUMANN

Carla Neumann
Enviado por Carla Neumann em 25/04/2014
Reeditado em 30/12/2014
Código do texto: T4781931
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