Curiosidade
Já se assanha a pele que herdará,
ternos carinhos outrora desdenhados;
a alma sabe que essa espera acabará,
amantes vingando-se de desamados;
tal ceifa que bem madura já está,
secarão de vez os prantos pranteados;
e a terra que não deu agora dá,
com certo adubo seguindo ao arado...
o frio acentua o aconchego do ninho,
e a torcida sedenta prepara foguetes;
a rolha já não suporta prender o vinho,
pois, o rodeio da vida carece de ginetes;
que domem corcéis deixando mansinhos,
que fiem os retalhos e façam tapetes;
retentores do pó desses árduos caminhos,
onde a vida brincou com seus joguetes...
como teria sido, divaga a curiosa mente,
se houvesse o encaixe qual mão e luva;
poderia ser a explosão de fogo ardente,
e o quente e depurado sumo da uva;
encontro com discrepâncias, mas, caliente,
porém, minha curiosidade seguirá viúva;
afinal se arma novo aguaceiro pela frente,
e há muito eu perdi o tal medo da chuva...