Vive-se a marteladas
Vive-se a marteladas
Marcha cadenciada pelo roubo das horas
Amor, paixão, submergem o lodo
Vivesse alguém sob a égide maior
Sob o signo da vontade soberana
O ser sem mistérios apenas sangue
Sede e víceras profanas.
Vive-se a marteladas
Cada hora e seu cimento
Na secura do asfalto, nas calçadas
No concreto um pensamento marcha
Sem parábolas, reto estreito, seco.
Vivesse alguém sob a doçura dos sentidos
Desse liquido que a vida escorre
Dessa brisa que ainda há e toca de leve
Pele, alma, cérebro.
Passos firmes, mãos exatas, reta, seta.
E o coração quase pode marchar
Bum bum bum bum.
Um coração vive a marteladas.