Papel de Seda
Intrometa as mãos pelas dobras
Os olhos pelas cores brilhantes
Amasse leve minha pele e corpo
Colora o mundo com minha tinta.
Sinta o cometa caindo do papel
Sobras da arte, tintura na água
Instantes, matéria, química azul
Alma nascida em papel de seda
Enxugue os olhos, pinte a face
Faça sombra e com o seu voar
Encape frágil o livro de história
Escreva leve as letras do amor.
Olhe, então, para aquilo que restou em suas mãos,
Veja o que o mundo não estragou,
Admire o sentimento nada fortuito que restou,
A grandeza de almas, o espectro do amor,
A loucura sem hora marcada,
A distância encurtada,
Olhos videntes,
Sorrisos poentes,
Versos inacabados,
Papel de seda amassado.
Dado Corrêa e Cely Santavicca