NUMA NOITE FRIA
Numa noite fria,
De uma dia qualquer,
De um mês que ninguém precisa saber,
De um ano que não teve nada de novidade,
Numa hora imprecisa,
Num minuto descompassado,
Num segundo perdido,
Numa luz quase apagando,
De insetos voando,
E pernilongos sugando sangue,
Numa estação de rádio fora de sintonia,
Num canal de televisão mostrando coisa nenhuma,
Num som de buzina sem saber de onde vem,
Numa cama de espinhos,
Com um cobertor que não aquece,
Com um travesseio de pedras,
Com lençóis que são menores que a cama,
Com lágrimas sentidas escorrendo pelo rosto,
Com olhos vermelhos e um nó na garganta,
Esperando por algo que nunca vai acontecer,
Por causa de alguém que nunca voltará.
Mas eu sei que a noite fria acabará,
Que o dia qualquer será especial,
Num mês que todos saberão,
De um ano que marcará a mudança estudo será novo,
Na hora,
No minuto correto,
No segundo esperado,
Na luz que nunca se apagará,
Dos insetos que sairão pela janela,
Onde os pernilongos irão embora,
Na sintonia do rádio tocando uma linda canção,
Na televisão mostrando um programa alegre,
Onde as buzinas serão em comemoração,
Na cama de molas suaves,
Num travesseiro de penas especiais,
Nos lençóis confortáveis e macios,
Onde as lágrimas cessarão,
E os olhos voltarão as cores normais,
Com a esperança de que tudo acontecerá na hora,
Pois aquele alguém voltou, trazendo vida à vida.
Pe. João Carlos.