Diabos na garrafa
Meus diabos guardo numa garrafa
Quando quero fazer maldades
Abro-a e pego conselhos diabólicos
Se me arrependo rezo feito cristão
Rogo sincero por perdão.
Se estou numa porta de igreja
Dou-lhes desprezo, os desconjuro
Mas quando estou indo pro gueto
Levo-os como amuleto seguro
Se a garrafa se quebra e um deles foge
Encontro-o na sarjeta
Comendo ratos, lambendo lixo
Ou aos finos tratos e etiqueta
De black-tie e muito luxo
Esses antagonismos convivem
Sem intervenção governamental
Faço minhas guerras, minhas tréguas
Minhas brisas transformo em temporal
Vivo em fronteira minada
Entre o que sinto e o que finjo sentir
Solto meus diabos nos sonhos, na madrugada
Prendo-os enquanto vivo a sorrir.