APENAS NINGUÉM
A(PENAS) NINGUÉM
(republicação com adaptações)
por Juliana Silva Valis
Muito prazer, eu sou a(penas) Ninguém,
Vou andando, sem pressa, pelo labirinto dos sonhos,
Pensando e voando, à procura do Bem,
Lançando mensagens de reflexão pelo vento,
Que possam chegar à memória de Alguém...
E quando me interpelam a Equidade e a Lógica,
O Sentido, o Equilíbrio e a Igualdade,
Que esse mundo não tem,
Eu, no fundo, procuro com calma,
Algum resquício de paz
Que ao sentimento convém...
E, assim, luto contra a mesmice do tempo,
Flutuo no vento ou nos cantos de um lar,
Edifico castelos entre alguns pensamentos,
Identifico histórias que me fazem criar,
Mas este mundo, amigos, não quer sentimentos,
Ele nos empurra padrões (e ilusões a pagar),
Ofuscando, na alma, os sentidos mais lentos
Que nos fariam melhores, entre o céu e o mar...
Mas crescemos tão condicionados às pressões externas:
A pressão de "ter" sempre mais e "parecer" melhor na vida,
Embora falte paz, aparências sobram, sem qualquer medida !
Mas seremos "quem", entre muito e pouco,
Em cada riso rouco, entre tudo e nada,
Nesse mundo injusto, ao liminar da lida?
De qualquer forma, amigos, vou caminhando apenas,
Entre as ruas de um sonho que a vida tem,
Entre ideias longas, simples, sós, serenas,
Vou apenas sonhando, à procura do Bem,
E como nada fui, ilusões pequenas
Não me afetam, no tempo, que vai ou vem,
Pois só a arte liberta as almas sensíveis, amenas,
E prazer, de fato, eu sou a(penas): Ninguém.
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Juliana Silva Valis