FERIDA EXPOSTA
O agora já passou
num passado papel de presente
o futuro nada restou.
profética tortura do descrente,
que não crê em outrora, o agora, acabou.
é o desdem de um jogador,
que jogará mero perdedor.
sem ambição cumprimentar o vencedor.
que castra o tempo unguento da dor
toca alto sinua o realejo
pois dança a carta baixa a manga cantou
que manga e dança, mija, ri o curinga,
baixando a guarda e aceitando o agô
qual certeira fragmentou o momento
os dias, semanas, meses, anos passou...
a ferida não fecha, eu grito em lamentos
a marca que essa flecha no peito deixou
dor que transpassa meu peito com itento
o negro buraco fez uma festa e marcou
o desaprumo foi um pouso relento
exposta ferida em magoas largas a dor
palavras ditas como falsos teus sentimentos
que nem de olhos abertos sentia-se a cor.