FERIDA EXPOSTA

O agora já passou

num passado papel de presente

o futuro nada restou.

profética tortura do descrente,

que não crê em outrora, o agora, acabou.

é o desdem de um jogador,

que jogará mero perdedor.

sem ambição cumprimentar o vencedor.

que castra o tempo unguento da dor

toca alto sinua o realejo

pois dança a carta baixa a manga cantou

que manga e dança, mija, ri o curinga,

baixando a guarda e aceitando o agô

qual certeira fragmentou o momento

os dias, semanas, meses, anos passou...

a ferida não fecha, eu grito em lamentos

a marca que essa flecha no peito deixou

dor que transpassa meu peito com itento

o negro buraco fez uma festa e marcou

o desaprumo foi um pouso relento

exposta ferida em magoas largas a dor

palavras ditas como falsos teus sentimentos

que nem de olhos abertos sentia-se a cor.

Cristiano Leandro
Enviado por Cristiano Leandro em 20/04/2014
Reeditado em 09/05/2014
Código do texto: T4776232
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