ANGÚSTIA DA ESPERA

Sua ausência descompassa os meus dias

Que se transformam num espaço sem medida

Amontoado de tempo que perdeu a dimensão

Sua ausência fere e angustia

Abrindo em meu peito uma ferida

Que dolorida me maltrata o coração

Sua ausência é prova que me vence

Minando aos pouquinhos minha resistência

E embotando os sentidos da razão...

Sua ausência ultrapassa o clima de suspense

Num jogo que instiga minha paciência

Num mal que me enlouquece de paixão

Sua ausência, distanciamento de mim

Angústia e fragmentalidade

Dor que dilacera a alma, como implosão

Sua ausência me deixa triste, abatida enfim

Inerte frente à impossibilidade

De na verdade encontrar a solução

Meu coração alquebrado chora silente sofrido

Em ânsia contida, aguarda um movimento seu

Desprovido de esperança e emoção

Sua ausência é para mim o maior castigo

Que um dia um mortal já concebeu

Num requinte de cruel obsessão

Sua ausência me preenche rudemente

Sem deixar espaço algum para me aliviar

Não permitindo qualquer aproximação

Sua ausência me castiga lentamente

Numa vingança por ter ousado tanto amar

E não ceder a nenhuma forma de pressão

Sua ausência é meu desatino

Que imagino vai me consumir

No vale estreito em que habita a minha dor

Sua presença é o meu destino

Tão pequenino e pronto a persistir

Na inexorável força deste amor...

Priscila de Loureiro Coelho

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 19/02/2005
Código do texto: T4776