BRANQUINHO

 Não me lembro
 A última vez que chorei
 Que chorei de alegria
 (Entendam)
 De raiva, choro
 Quase todo dia
 (Com a poluição também)

 Ainda acho o por do sol
 Um lindo espetáculo
 Mas já fui mais romântico
 Mais emotivo

 E nessas manhãs
 De abril
 Em que a lua reluta
 Pra não se pôr
 Só pra assistir o sol nascer
 Eu me sinto  na obrigação
 De escrever um poema

 Aí subo numa árvore
 E penso num verso
 Caço uma borboleta
 Descubro um verso melhor
 E xingo o anterior
 Que era tão bonito

 Contemplo o entardecer
 E digo: agora sai
 Agora vai
 Agora eu vou chorar
 De alegria com meu poema

 Mas esbarro
 No branco
 Da minha cabeça



E o papel
Continua em branco

 
 
 
S. Paulo, 30/08/2011
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