Espelhos

Encontro-me num beco,

Sem saída;

Um prisioneiro,

Da minha própria vida.

Por todos os lados

Estão imensos espelhos

Que me olham e

Impedem-me de andar.

Refletem meu único

E maior inimigo:

Eu mesmo.

Como castigo,

Vivo como um condenado,

Procurando espaços,

Quaisquer buracos,

Por onde eu possa continuar.

Mas nada acho.

Tento quebrá-los,

Mas apenas arranho-nos.

Pois tudo quanto eu jogo,

Volta contra mim, em dobro.

Única forma de libertar-me,

Dessa minha própria prisão,

É remendar os arranhões,

E aquietar-me.

Até que estejam limpos,

Todos os meus corações.

André Espínola
Enviado por André Espínola em 06/05/2007
Código do texto: T477419
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