A magia e a solidão!

Fico rondando minha solidão,

Como a guardar um bem maior...

Cúmplice da dor, masoquista que estou.

Bela... Desbotou-se a aquarela

E perdendo a cor, perdeu-se o sentido,

Utopia sussurrada, toada, música cantada.

Ilusão de atrevidos ouvidos...

Alusão a uma paixão, seduzida emoção... Decepção.

Causada pela cegueira de meu coração.

Choro e o silêncio me envolve num abraço,

Como a proteger meu desalento,

Mórbido meu momento.

E fico a ouvir minhas entranhas,

O pulsar do meu coração embala meu lamento,

Como querendo consolar minha dor.

Cultuando uma imagem... Só uma imagem...Tua!

Na memória de minha pele gravada,

Que me faz insone nas madrugadas...

Que ainda deixa meu corpo em brasa.

Solidão com sabor de saudade... De você vontade.

Deslizo a mão pela pele e o prazer se faz presente,

Olfato, tato, contato... Faço-me amor de fato,

Teu cheiro invadiu-me as narinas,

A embriaga-me, sina, carma?

Minha boca recorda louca tua boca... Tua língua macia,

Enroscada na minha... Perene será a magia.

E as lágrimas me chegam naturalmente,

Como o mergulho do sol no mar...

E descem latentes, quentes,

E seguem pelos sucos do meu rosto

Como um rio correndo em seu leito sinuoso,

Que segue, cumprindo sua sina peregrina,

De lançar-se nos braços do mar,

Pelo prazer de cumprir seu destino... De amar.

Choro...

E fico dando voltas nas lembranças,

Tentando proteger o meu sonhar...

Pois não quero perder o brilho dos olhos,

E por isso atiço meu corpo e lapido o desejo,

Reacendendo a paixão que senti,

Quando pela minha pele, passeava tua mão...

E extraia do mais íntimo de mim o prazer,

Fazendo meu vulcão entrar em erupção,

Nossos corpos se insinuam,

Nossas seivas se misturam...

Exala um cheiro suave no ar,

Perfume de homem e mulher,

Quando estão a se amar!

Meu coração segue o compasso dos dias.

Acompanha o ritmo da vida, exilado no cárcere da saudade,

Tendo como companhia,

Momentos únicos vividos, instantes de entrega...

Fico rondando os espaços da minha memória,

E esse silêncio me faz chorar, me sinto frágil e estúpida.

Preciso esquecer de mim, de você, de nós...

Pergunto-me por vezes, por que fico assim?

Você só existe em meus delírios.

Tento me convencer a desistir de tentar entender,

O que de errado não consigo ver... Narcisista que estou,

Egoísta, centrada no meu umbigo,

Só sei chora, me lamentar...

Melhor, me pego emprestando lágrimas,

A momentos vazios, desprovidos de sentimentos.

Que só existiram no meu imaginário,

Em meus pensamentos.

Por vezes, e não são poucas, me descubro meio displicente,

Tentando colher emoções das vidas alheias.

Fazendo dos sonhos dos outros,

Pedaços dos meus... Utópica sensação,

Domina meu corpo e leve, sorriu como para um amante,

Envolto em brumas de vontade... Parecia tão verdadeiro,

Enganei-me pela necessidade da sensação...

Envolvida demais para tentar distingui a ficção da verdade

Ousei transpor a fronteira,

E me perdi num colorido que ofuscou meu olhar,

E me fez viajar num paraíso de papel.

Veio a chuva e descoloriu, se rasgou, me feriu...

Fico aturdida com meu desconforto com as palavras,

Pois elas me soam tão cheias de vida,

E eu me sinto tão vazia e sofrida...

Despida diante de mim,

O castanho do meu olhar já não traz o brilho,

Que descobri em outros olhos do mesmo tom...

Mas com uma luz singular,

Fascinante, perigoso como às miragens de oásis num deserto,

Podem ser para os despreparados viajantes.

Fico rondando as lembranças e invocando sensações,

Toco meu corpo e satisfaço o desejo do corpo,

Mas nunca os anseios do meu coração.

Que no escuro da noite,

Imploram pela luz da lua,

Para iluminar meu pele nua... E sempre tua!

Observadora
Enviado por Observadora em 06/05/2007
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