::: MORTE POÉTICA :::
Puxa a cadeira e arrasta o poema das entranhas.
Afasta o quadro da parede e olha de perto pela janela.
Frases prontas não preenchem o ineditismo do viver diário!
Então, rasga o pão, passa a manteiga e põe na panela.
Move as tuas manhas para os amanhãs que te assanha,
Observa de longe essa aproximação que se nos revela
E entenda que o padecer do viver humano é um sudário
Em que a beleza estranhamente se tutela.
Larga do viver a dalmática de uma malfazeja sanha
Entenda, que o talvez preso na certeza dela,
Jamais poderá ser um dogma de teu corolário
Porque a vida está além desta janela.
Aceita o poema, a pintura, a música e a si mesmo ganha!
Estão todos juntos num só. Refuta o resto contrário.
Olhe por entre as paredes mentais desta tua cidadela
Inverte a rima, mata a métrica, mas faça algo!
Reforme-se. Cultive o caquito de sua contemplação
- Ele também tem flores.
Aceite essa inquieta chama da novel inspiração
- Por mais que te dê horrores.
Durma Bem... Se vier a conseguir.
Hoje a noite trouxe algo novo... Um poema, talvez.
Só quem escreve sabe o que fez
E entende a razão do seu existir.
Vai, puxa a cadeira.
Eu escrevo, você toca e ele pinta.
Assim a arte entope nossa aorta
E morremos de poesia!
Autor: Ygor Pierry P. Ditão
SP 15/04/2014.