Retrato

Eu sei

Que a minha introspecção

Não criará raízes facilmente

E que o reflexo dela

Na amplitude dos meus gestos

É de tal modo inato

A ponto deles não causarem encanto.

Mas este universo,

Que se afugenta e se denuncia

Na vermilhidão da face de certos momentos,

É morada de afetos capazes

De vencer o sol em calor

E o mar em tamanho.

Cabe muita coisa nele...

Inclusive uma saudade indecifrável

De instantes nunca vividos.

Eu sei

Que o silêncio será a ti confusões

E que a falta de atitude será vista

Como ausências em coração.

Há sentimentos demais para dizer-se coisa qualquer -

O peito destrava e a língua trava.

E há qualquer coisa na falta de atitude

Que deixa pistas para agir assim -

Quiçá um riso fácil

E frases que se iniciam e mal se terminam...

As coisas deste universo que em mim se esconde

São infinitamente amadas a cada dia,

Não cabe tempo no tamanho delas:

Ele não as diminui.

Mais do que uma questão de tempo,

Tudo é questão de sentimento -

Lei maior de nossa sobrevivência.

Então, se tiveres algo a falar

E, assim como eu,

Nada vier à boca,

Não digas palavra:

Apenas abraça...

Os olhos se fecham,

As almas se veem

E se casam...

15/04/2014

Innocencio do Nascimento e Silva Neto
Enviado por Innocencio do Nascimento e Silva Neto em 17/04/2014
Reeditado em 26/08/2014
Código do texto: T4771895
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