CORTINAS
 
 
 
Vi o seu poema
Li o seu poema
Maldisse o seu poema
 
Eu já estava no palco
Eu já tinha tudo decorado
Tudo que iria te dizer
Mas vi o poema
Li o poema
E me pus a mal dizer
A sorte e o poema
Porque aquilo ali, aqueles versos
Cada um que eu lia
Era uma cortina que se fechava
Era uma luz que se apagava...
 
Era um trecho do meu texto
Que eu riscava
 
Porque o artista da pintura
Precisa de uma paisagem linda
Real ou imaginária
(Pode ser a sua foto)
Para pintar seu belo quadro
 
Mas o da escrita, da palavra
Não. Eu, pelo menos, não!
Eu queria era estar lendo
Aqueles versos e escrevendo
Outros
Mais bonitos ainda
Ainda que não tivesse
Audácia suficiente pra dizer que era
 
Mas, por dentro eu queria
Ficar com a sensação que era
Porém...
Em vez do arco-íris da inspiração
As luzes das idéias
É que iam se apagando
As cortinas, se fechando...
E ali, naquele palco eu estava
E me sentia, me sentia...
Mais e mais, distante da platéia
(No caso, você)
E da possibilidade de expressar
Num poema
Todo amor que sinto
 
Por você!
 
 
S. Paulo, 15/04/2014
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