Castidade
Casta Monja de essência tão lasciva...,
De olhos profundos... — Poço de veneno!
Carnais lábios, que ser algum esquiva...,
De pele branca e um alvo seio obsceno.
Seu canto tão secreto, de mistério,
É recitado pela Treva Extrema...,
Pelo Mestre do Reino deletério,
Que de longe tortura, uiva, blasfema!
Ao Trono do Diabo, ela evola o Incenso...:
Transcendente, aromático, fluido ar...
Solta um gemido de prazer intenso,
Que seduz o Rei, de longe a chamar.
Ó, provaste a acidez tão, tão incasta!...
Esse rubro Licor... — Sangue fatal!
Devoraste o tal Mel que o Bem afasta...
Veneno que a levou a esse Portal!
Tornou-se o Mal...! Maldita, atroz Medusa!
Seus mais ocultos, íntimos segredos,
Na inocência Cristã, na Hora confusa,
Gemeu ao Deus do Inferno, Rei dos tredos...
Majestade da Noite que se eleva...,
Dama das Orações, Vênus de Luz...
Ó! Que ejacula os Cânticos da Treva...,
Que anseia a Hóstia que o Diabo produz!
Deusa da Ave-Maria, da Luz franca...,
Virgem dos vícios, do Licor Eterno...
Que recita, da Etérea Mansão Branca,
Rezas purificadas lá no Inferno!