ÉTNA
Quando era adolescente,
Queria dizer algo que se sente,
Mas subserviente
Ao sistema sempre tive medo de falar;
Por tempos dizia sim baixando a cabeça.
Durante muito tempo as leis asfixiaram o meu peito,
Amordaçaram as minhas ações...
Dizendo sempre quão era insignificante os meus direitos.
Olhava a falta de respeito
Desumano como castigo pro algum pecado.
Assim engolia o choro e sofria calado.
Não sabia de nada,
Além do descobrimento e da independência pintada.
Tudo para não enxergar os muros imorais,
Que cerceavam o grito de liberdade com capitais.
sem teto, sem educação,
sem roupas e com medo até da ilusão.
Sempre me ajoelhava no chão,
Aos pés das senhoras e senhores,
Mesmo que a boca comesse a fome e a sede saciada,
Com a dor no coração.
Calado ria,
Caldo ficava,
Até que vinha o carnaval e me animava;
Até que vinha a páscoa, a vida de Jesus na televisão e me acalmava;
Até que vinha o natal...
E a vida renovava.
Se quiseres saber...
Procures por você.
Pois que a melhor política não é esperar acontecer.
Saia da caverna e provoque uma erupção.
A vida não é como eles nos dizem...
Luxo, dinheiro, prazeres, consumo sem contenção.
Viver é pé no chão...
Difícil, difícil,
Mas é a única libertação.