Acaso
Se a mente alcança a fase da graça
Nasce introspectiva, se alastra
Em fatos e fotos, em vista do ato
Que ilustra o letrista, alimenta o poeta
Quando o pingo da chuva
Escorre no pasto que se amassa
Da pata da vaca que come com gosto
Quando o passo do osso da perna do idoso
Que atrasa o escasso tempo do outro
Quando o peso da libra
Da balança do signo
Aponta a ponta do ponteiro
Da desgraça da mente d’obeso
Quando a água na cama
Molha o sono inesperado
Acima da idade do homem
Que dorme em corpo de menino
Do aquário de Sampa
Mostra a vida submersa
Afasta o medo da criança
Do monstro do sonho que se arrasta
À vida do honesto consigo mesmo
Que se assusta com a sombra
Do parceiro da casa
Do abraço do bebê
Se afasta com ênfase
No acaso da infância
Da fala escassa do casto
Que traspassa o gosto
Da virada da vida
Na esquina do mundo
Que traça o destino do ser
Do riso e do choro que brota do acaso
Da angústia do peito que contrai apertado
Dos dentes expostos que traem o nefasto
Constroem o espaço difícil de ver