Poesia com Mote
Ser pobre
Não vejo senão canalha
De banquete p’ra banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem “azête”
Jaime Velez
Sinto nas mãos perfumadas
O ócio que ainda perdura
Mas quem levanta nas madrugadas
Sobram-lhes parcas verduras
O caminho do rico aflora
Mas o pobre resiste em batalha
Como a barba dura resiste à navalha
A esperança se confirma na espera
Se na ganância o rico prospera
Não vejo senão canalha.
Não sei se mais calhorda
Infausta e injusta balança
Em pratos quase sem borda
A alma faminta se lança
Na mesa do rico há fartura
O pobre à mesa sem tamborete
Simples sem cortina e sem tapete
Ainda que lhe falte à mesura
O pobre não lhe censura
De banquete p’ra banquete
Ainda contente se gaba
O abastado, patife e salafrário,
Enquanto o pobre se acaba
Com as migalhas do salário
A sorte do rico perdura
A sorte então que lhe valha
A justiça tarda e não falha
O pobre fortalece o pensamento
Porém se esvai no esquecimento
Quem produz e quem trabalha
O rico enfim se apetece
Noite a noite em gala
Sem clemência o pobre padece
E alma silente resvala
Assim o verdugo patrono
Até das crianças rouba o leite
E se quiser que bem aceite
Pois miséria não tem sobrenome
E o pobre vencido pela fome
Come açordas sem “azête”
Ser pobre
Não vejo senão canalha
De banquete p’ra banquete
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem “azête”
Jaime Velez
Sinto nas mãos perfumadas
O ócio que ainda perdura
Mas quem levanta nas madrugadas
Sobram-lhes parcas verduras
O caminho do rico aflora
Mas o pobre resiste em batalha
Como a barba dura resiste à navalha
A esperança se confirma na espera
Se na ganância o rico prospera
Não vejo senão canalha.
Não sei se mais calhorda
Infausta e injusta balança
Em pratos quase sem borda
A alma faminta se lança
Na mesa do rico há fartura
O pobre à mesa sem tamborete
Simples sem cortina e sem tapete
Ainda que lhe falte à mesura
O pobre não lhe censura
De banquete p’ra banquete
Ainda contente se gaba
O abastado, patife e salafrário,
Enquanto o pobre se acaba
Com as migalhas do salário
A sorte do rico perdura
A sorte então que lhe valha
A justiça tarda e não falha
O pobre fortalece o pensamento
Porém se esvai no esquecimento
Quem produz e quem trabalha
O rico enfim se apetece
Noite a noite em gala
Sem clemência o pobre padece
E alma silente resvala
Assim o verdugo patrono
Até das crianças rouba o leite
E se quiser que bem aceite
Pois miséria não tem sobrenome
E o pobre vencido pela fome
Come açordas sem “azête”