“PANTUN DO SUICIDA”
Com minhas mãos me semeio
Como semente em terra seca
Volta à flor de onde veio
Inodora, incolor e toda peca.
Como semente em terra seca
Na superfície, levada pelo vento
Inodora, incolor e toda peca
A florir o jardim do esquecimento.
Na superfície, levada pelo vento
Deixando o que tinha de odara
A florir o jardim do esquecimento
No Hades ser o graveto da coivara
Deixando o que tinha de odara
A fraqueza dos punhos, forte
No Hades ser o graveto da coivara
A queimar a seiva da vida, à morte.
A fraqueza dos punhos, forte
Os micróbios fazendo o rateio
A queimar a seiva da vida, à morte
Com minhas mãos me semeio.