Galope Surreal

São sonhos perdidos cortando o destino,

São mágoas sofridas guardadas no peito,

São dores contidas manchando o meu leito,

São léguas traçadas tirando o meu tino.

São beijos silentes no meu desatino,

Nas facas da noite que cortam ao vento

O golpe do sono feito um desalento

No canto um solfejo co´a dor do poeta

Que chora e lamenta a canção predileta

Escrita na face do seu sofrimento.

Escrita na face do seu sofrimento

A mácula astuta calando sua voz

Ajoelha-se turvo perante o algoz

A brandir a espada do infame tormento.

Decanta, ponteia e aproveita o momento

Que resta-lhe ainda pra tocar o chão

Que há de um dia cobrir-lhe o coração

Rompendo os muros da passagem secreta

No canto o solfejo co´a dor do poeta

Nas léguas traçadas pela ingratidão.