Dissabores

Estou enfermo.

Choro minha angústia.

Sufoco minha essência

Na linha desértica da ciência

E naufrago meus pensamentos

Por mares jamais velejados...

Estou triste.

Pranteio desilusão.

Meu elo com o cosmos

Partiu-se. Enferrujou-se.

Meus olhos buscam o sol

Numa ótica de todos os lados,

Mas para minha decepção

Vislumbro o sol quadrado...

Estou nostálgico.

O silêncio me devora

A chuva não vai embora

E o céu estrelado que é azul

De repente fica incarnado

Criticando meus pecados

De homem simples, talvez sisudo

Perante as framboesas da modernidade...

Estou faminto, sedento...

Meu íntimo quase enguiça,

É a inevitável preguiça

Que me faz adormecer cansado,

Suado, descrente de tudo...

Contudo a mente trabalha,

Busca verdades infinitas

E então surge a lua,

Redonda, branca, destemida...

E eu o que penso?

Apenas durmo ressabiado,

Consciente de que tudo isso

Que se pinta, que se ilude

É o tempo que se aproxima

Do final da estrada, do ataúde...

Tudo isso é a vida!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 14/04/2014
Código do texto: T4768296
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