Pé Rachado
Quando vou à feira pegar frutas
Aquelas que já surradas de maduras
Ninguém quer para comprar.
Me lembro do meu lugar tão pequeno
Quantos queriam por pena
Uma fruta pra chupar.
Nessa hora chove sem pedir nos meus olhos
E eu lavo as frutas que escolhi.
Sigo o caminho pra ponte
Lá tenho nome e renome
E amigos que eu fiz.
Usamos as frutas de sobremesa
E a ironia se faz.
Quando aqui cai a chuva
Lembro do umbuzeiro graúdo
Lá no fundo do quintal.
Eu peço piedade a Deus
Cuida-i também lá dos meus
Mande algumas gotas para lá.
Aqui não tem serra pro sol deitar
Nem estrelas, nem luar;
Não tem nada pra se encantar.
Espero não morrer arrependido
Tenho sonhos de voltar.