INVÓLUCRO

É

Tem dias que falo por mim

Quantos outros

esqueço de ti

Guardando

Horas de um tempo

Que acreditam

Viver até o fim

Permita-me chorar

Olhando pra baixo

Vez por outra

Ver se acho

Qualquer vestígio

Enterrado

Que possa parecer

Esse algo romântico

Trazido

Traduzido

Necessário

“Voz de um armário

Com talheres de prata

Velho

Que o lustre

Pretende manter vivo”

És por ai que vivo

Permaneço um mito

Subjulgado

Nas aparências

O último

De uma fila imensa

Por que a sentença

É um pira acesa

Protegida

Pra não apagar

Retira-se

O que mantém

Se abstém

De perto da cruz

Pois o pecado

Dormirá revolto

Sobre apenas um

Será velado

Em um manto

Coberto desta desgraça

Que separa e disfarça

Pra acontecer

Como se quer...