Para a mulher que nunca tive.

Há séculos atrás

havia algo em mim

que eu não fazia questão alguma

de esconder.

E é doloroso dizer

o quanto esta coisa

me fazia tão bem.

Mas não era sempre assim,

eis o problema.

Tentei matar o maldito

mas…CÉUS! Seria suicídio.

E ainda pretendo conhecer as cataratas do Niágara.

Ainda têm cervejas que

não experimentei.

Uísques, vinhos, vodcas

conhaques, mulheres, comidas

águas minerais, cidades.

Não, ainda é cedo.

Envergonhado, guardei-o dentro de

uma caixa preta

e escondi entre músculos

veias, artérias e sangue!

Escondi em mim,

de todos.

Uma caixa onde guardo meus primeiros poemas.

Uma caixa onde guardo cheiros

Uma caixa onde guardo gostos

Uma caixa onde guardo sonhos

Uma caixa onde guardo lembranças

boas lembranças.

Uma caixa que eu jurava não abrir tão cedo.

Uma caixa fodida!

mas com tudo que há de belo em mim,

guardada dentro dela.

Mas ninguém nunca sabe

o que nos espera

quando acordamos de manhã

e calçamos nossos sapatos.

Quando lavamos a cara

em frente ao espelho,

não sabemos o há lá fora.

O Lennon não sabia de nada daquele oito de dezembro.

Kennedy também não, naquele vinte e dois de novembro.

Nem mesmo o Papa João Paulo II e aquele treze de maio.

Eles não sabiam de nada! Eu não sabia de nada.

Nem ela sabia.

Nem ela, que me fez abrir a maldita caixa

só para poder arrumá-la,

decorando as paredes surradas

com quadros do Van Gogh.

E a sala com uma vitrola antiga

E a cozinha com molhos de tomate

E a estante com discos clássicos e porta-retratos

E o quintal com uma cachoeira

E o quarto com nós dois.

terça-feira, 5 de novembro de 2013.

Jhonny Verline
Enviado por Jhonny Verline em 10/04/2014
Código do texto: T4763477
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