DEPOIS DAS CINZAS

Na fome de comer amanhã

Ainda com a mesa vazia

Sentou n’outra mesa

tampo verde

De jogatina

Inventando

Cartas cortadas

Por quem devia

Estar d’outro lado

Dia nublado

Parecia eterno

Vez por outra

Debruça na janela

Vendo aquarelas

jardim formoso

qualquer coisa que impeça

qualquer peça

que não encaixe

abaixe a cabeça

sentindo dores

na falta das cores

que o tempo

ou as coisas

levaram deixando cascas

sem brotos

aroma de mofo

guarda-roupa antigo

abre-se num

pra sempre estar contido

de eternidades alegres

vencidas...