Divinal

Valsam gotas caboclas de chuva,

Que acasalam nuas na palha do buriti,

Para depois, sossegadamente,

Cair acomodando-se quieta no leito do rio,

Verde amorenado.

A chuva que derriça,

Entre as folhas,

Galhos, troncos...

Derrama bem simples a vida cabana,

Que a mata urbana, sonha pra si.

Assim, no âmago da matriz, espaçadamente, diz a chuva...

É paz;

É luz; é cor;

É sangue, suor e amor.

Enquanto valsam as gotas,

Horas a fio,

Como amante apaixonado,

Entre os seios fartos selvagens das orquídeas e Bromélias.

Gotas sussurram n’ alma, que há prazer em servir;

Que há eternidade em viver, versando à cidade, cria das mãos,

Que esse coração capital controlado,

Não enxerga, a raiz;

Não sente o que diz e nunca vai ouvir a essência da harmonia.