Espera
Suas cores desenham em minha pele
enquanto estou faminto
por perdas e fim e recomeços...
Vejo-o entalhando-se em coragem
para recriar algum momento:
Ínfimo momento de prazeres banais.
Tremo, suas sombras me sufocam.
Nova estação, novos olhos.
Paro no tempo.
Não quero mais tempo sem você.
Não o quero como fantasma
que me cerca e me acerta
em noites vazias
e se vai com o vento da manhã.
Nada do que ele diz é verdade ou mentira.
São mantras que cantarei algum dia.
São palavras entalhadas em ouro.
São segredos psicóticos.
São manhãs frias que me caem tão bem....
Serei pedra desta vez.
Não segurarei nenhuma mão.
Não esperarei por olhos fundos
que quebram e se fecham perante a minha luz negra.
Expelirei verdades cruas
que por vezes sacrificarão algumas boas almas.
Andarei por ruas vazias.
Serei o cerne do precipício.
Pairo livre.
Não quero descer.
Ninguém me espera, ninguém.
Não quero descer, mãe.
Segures-me firme, mãe.
Sou o teu lunático...
Luto com a sombra que me almeja
e deita em minha cama
e derruba meu café.
Sou sombra.
Sou um brinquedo largado
pelo tempo e pelo desuso.
Sou a garrafa vazia
daquela bebida barata que não faz esquecer.
Sou meu fim.
Me prendo.
Me sujo.
Me ecoo.
E me mato
Com adagas
de outros tempos, outros mundos
Que dificilmente me tornarão livre.
Mas espero...